E se fosse possível reduzir o uso de fertilizantes, e de quebra capturar carbono da atmosfera?

Um artigo publicado recentemente na revista Nature – e que teve sua importância destacada em um comentário da Science – mostra um avanço empolgante: uma forma de acelerar o sequestro de CO₂ pela aplicação de minerais ao solo, com potencial para reduzir o uso de fertilizantes e contribuir com o combate às mudanças climáticas.

A ideia não é nova: sabemos que certos minerais, como os silicatos de magnésio, reagem com CO₂ e formam compostos como bicarbonato e carbonato, removendo carbono da atmosfera e estocando-o por períodos muito longos. Esse processo ocorre naturalmente via intemperismo de rochas, mas é extremamente lento – pode levar milhões de anos.

Para acelerar esse processo, cientistas já propuseram uma técnica chamada de intemperismo acelerado/avançado ou aplicação de pó de rocha, moendo rochas para aumentar sua superfície de contato e, assim, acelerar as reações com CO₂. Esse “pó de rocha” já é usado em algumas lavouras, tanto para remineralização do solo quanto para propósitos ambientais.

O que os pesquisadores propuseram agora é ir além. Eles mostraram que, ao misturar óxido de cálcio (CaO) com silicatos de magnésio e aquecer a mistura, ocorre uma “troca” entre os elementos: formam-se silicatos de cálcio e óxidos de magnésio. E o melhor: ambos reagem muito mais rapidamente com o CO₂. Em testes de laboratório, essas novas combinações mineralógicas absorveram todo o CO₂ disponível em poucas semanas — milhares de vezes mais rápido que o intemperismo natural!

🔧 E como se produz esse CaO? A partir do aquecimento de calcário (carbonato de cálcio), processo semelhante ao utilizado na produção de cimento Portland. Embora isso libere CO₂, os cientistas calcularam que o balanço final ainda seria positivo em captura de carbono, mesmo considerando o gasto energético.

🌿 Uma ideia ainda mais interessante: como milhões de agricultores já aplicam materiais alcalinos no solo para correção da acidez, seria possível substituir parte desses insumos por essas novas combinações de Ca-Si-Mg, que além de corrigir o pH, ainda sequestrariam CO₂ do ar.

📊 Mas, claro, há desafios: a produção em larga escala, os custos, a necessidade de capturar o CO₂ liberado na calcinação do calcário e o cuidado com impurezas presentes nas rochas (como metais pesados). Por isso, testes de campo deverão ser ainda realizados para validar os efeitos agronômicos e ambientais da aplicação dessas rochas.

E o que isso tem a ver com fisiologia vegetal? 🌱

Tudo! Falar de fisiologia é falar de nutrição mineral, CO₂ atmosférico, pH do solo, atividade radicular e respostas a estresses ambientais. Ver a planta como um sistema integrado é essencial, e iniciativas como essa mostram como a fisiologia vegetal está no centro de soluções globais para uma agricultura mais eficiente e ambientalmente equilibrada.

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