Universo Plantado
Toda semana comento um artigo da semana que traga novidades interessantes sobre o mundo das plantas. Nessa sexta-feira vamos comentar sobre um artigo que saiu na Cell, uma das revistas mais importantes para a ciência.
O Artigo da semana é intitulado de: “Design of CoQ10 crops based on evolutionary history“, ou algo como ‘Construção de culturas com CoQ10, baseado na história evolutiva”, e foi publicado por um grupo da University of CAS, em Shangai, na China.

Para contextualizar, a Coenzima Q (CoQ) é importante para a produção de energia pela respiração mitocondrial, e frequentemente é utilizada como um suplemento, principalmente no contexto de saúde cardiovascular. Para você se localizar, tente lembrar da cadeia de transporte de elétrons da mitocôndria. A Coenzima Q é também conhecida como Ubiquinona.
Humanos produzem CoQ10, uma das formas da coenzima Q. No entanto, cereais e alguns frutos e vegetais produzem a CoQ9 também. A diferença entre essas coenzimas é, principalmente, na cadeia lateral, que pode ter entre 6 e 10 unidades de isoprenóides.
Nesse contexto, a produção de CoQ10 em cultivares seria benéfico, uma vez que aumentaria a suplementação dessa coenzima Q aos humanos. No entanto, a síntese da CoQ10 pelas plantas acaba sendo “bloqueada” devido à mudanças em aminoácidos específicos na enzima Coq1, que é a enzima que controla o tamanho da cadeia lateral.
Dessa forma, nesse artigo, os autores exploraram a distribuição de CoQ9 e CoQ10 em plantas e associaram isso com a variação na sequência da Coq1, e identificaram uma série de mudanças nos aminoácidos na enzima Coq1 e que levaram à formação de CoQ9.
Dessa forma, eles conseguiram determinar as formas da CoQ em 134 espécies de plantas terrestres e analisaram homólogos da CoQ1 em mais de 1000 espécies. Os resultados mostraram que a CoQ10 representa um traço ancestral das angiospermas. Embora a CoQ10 permaneça como predominante em algumas sublinhagens, houve uma mudança para a produção de CoQ9 de forma independente em diversas sublinhagens, especialmente em famílias herbáceas.
Com isso, eles descobriram que mudanças no aminoácido de posição 240 na enzima Coq1 parecem ser o maior fator responsável pela determinação do número de isoprenos na cadeia lateral da CoQ.
Com essas informações em mãos, eles usaram técnicas de edição gênica para modificar a enzima Coq1 nativa de arroz e trigo para produzir CoQ10, podendo aumentar a suplementação de CoQ10 na dieta humana.
O artigo é muito interessante, recomendo você dar uma olhada, pois lá eles mostram muito mais coisas. E se você quiser ouvir mais sobre, eu falo um pouco mais sobre esse artigo nas minhas redes sociais.